Vá que a defesa nacional em prol da Portuguesa saque muito bem uma tese que confronta legalidade versus moralidade. O viés do regulamento realmente imputa a necessidade de punição ao fato. Mas o mérito esportivo igualmente aponta para a dureza da punição, condenando (metaforicamente falando) um ladrão de carteiras à morte. É evidente que todos os meandros inerentes aos desdobramentos do assunto não podem ser esclarecidos devidamente no mero julgamento de instância marcado para a próxima segunda-feira. E mesmo que a Portuguesa seja punida. Ou que o Fluminense seja mantido ou não seja mantido. Dever-se-á a bem da completa legalidade levar todas estas questões para instâncias mais altas. Pois não há consenso nem completa justiça em nenhuma das soluções previstas. É injusto moralmente a Portuguesa ser rebaixada. Mas não é injusto legalmente. Igualmente será injusto condenar o Fluminense, considerando o histórico recente (que todos conhecemos), apenas por ele estar ocupando a posição diretamente posterior à ocupada pela Portuguesa.
A maior de todas as inconsequências é que este movimento repleto de manifestações maniqueístas, na verdade, não se dedica a entender o que levou a Portuguesa a encontrar-se nessa situação. E, sim, praticar uma espécie de revanche de natureza moralista - que mais se preocupa em atingir arquétipos não resolvidos do imaginário social brasileiro (o mal que a corrupção nos causa) do que realmente determinar o que seja justo, ou razoável.
Não fosse o Fluminense o clube envolvido e não haveria movimento nenhum. A Portuguesa desceria e ninguém choraria uma lágrima. Percebe?
Não se discute, nem se defende, na realidade, a Portuguesa.
Estranha essa cegueira coletiva. Adjetivos não são válidos por atenderem a um dos lados envolvidos. É E X C E L E N T E qualquer coisa que transforme o Fluminense numa horda de demônios, por que isso atende ao que interessa ao Nilson, e se não servisse não seria excelente? Então o que é excelente? Uma qualidade capturada por um dos lados para agradar aos integrantes desta corrente. Ao invés disso, o melhor seria uma visão (GERAL) mais bem dotada de análise crítica ao invés de apenas crítica intransigente. Porque neste ponto da intransigência o que sobressai é a tirania da coletividade dotada de razão, aquela que lincha ou aquela que mata em nome de Deus, aquela que não pensa por si só, mas marcha feito boiada seguindo a corrente. Como a Alemanha nazista que se ergueu contra os corruptos banqueiros judeus inimigos do povo alemão.
Salomão diria “caiam os dois”. O fluminense daria prova de grandeza se dissesse “faço questão de cair”. Diferente disso, o exigível é que ninguém terá razão moral. Apenas razão legal.
Eu como bom flamenguista que sou, diria, “caiam todos, menos o Vasco!”, porque se o Vasco disputar o campeonato sozinho, ainda assim acabará sendo vice-campeão.
Mas os torcedores da Portuguesa que não se iludam. O Movimento não é "salvem a Portuguesa". O movimento é "Cacem o Fluminense". Se fosse qualquer outro dos 18 clubes e a Portuguesa que se danasse, pois não haveria manifestação nenhuma. O fato em si não é discutir se há pertinência na proclamação da condenação ou não. Que se dane o regulamento, se do que ele trata não servir ao interesse da maioria.
No comments:
Post a Comment